De quem é a iniciativa de restabelecer a comunhão quebrada entre irmãos?
23/05/2017 Deixe um comentário
Se um cristão peca contra outro, de quem é a iniciativa para o restabelecimento da comunhão quebrada pelo pecado?
Tese 1: “Eu ofendi o meu próximo. Se fui eu a ofender, deve ser minha a iniciativa de desfazer o mal que lhe provoquei”. Este comportamento encontra respaldo bíblico? Parece que sim…
“Portanto, se você estiver oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma queixa contra você, deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus.” (Mateus 5:23-24).
Isto é, não há comunhão com Deus às custas da comunhão com o próximo. Tendo ofendido alguém, o ofensor tem o dever de se retratar. Isso justifica a iniciativa do ofensor.
Tese 2: “Bom, tendo eu sido a pessoa ferida e, segundo Mateus 5:23-24, posso concluir que é dever exclusivo de quem me feriu vir até a mim e retratar-se”. Este comportamento encontra respaldo bíblico? Não.
“— Se o seu irmão pecar contra você, vá e mostre-lhe o seu erro. Mas faça isso em particular, só entre vocês dois. Se essa pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o seu irmão.” (Mateus 18:15)
No verso acima, Jesus põe sobre o ombro da parte ofendida a iniciativa de restaurar uma comunhão que fora quebrada pelo ofensor. Há, então, uma contradição?
Parece claro nesses dois versículos que a questão a se discutir não é o papel (direitos e deveres) de alguém numa relação litigiosa no seio da igreja. Mas algo que está acima de ambos, superior a eles, cuja manutenção todos temos o dever de garantir: a comunhão.
Por que a tese 1 é bíblica, e a tese 2, no que seria uma ação consequente da primeira (se eu ofendo eu retrato, se eu sou ofendido eu aguardo o ofensor vir até a mim), não é? Porque a tese 1 tem vistas à restauração da comunhão. A tese 2, entretanto, a dificulta. E, me parece claro isso, não é o objetivo de Cristo criar alvos que não visem à plena comunhão do corpo de Cristo (imagine quanto tempo se gastaria porque o ofensor não veio até a mim e eu não irei até ele porque é dever dele fazê-lo?). Toda ação numa relação conflituosa deve ter como objetivo a mais rápida restauração.
Por último, e tão importante, é o que podemos inferir em Mateus 18. Se alguém peca contra você, quem é o perdedor? Você mesmo! No mínimo, você também o é! Senão, vejamos:
“Então você ganhou de volta o seu irmão”. Se ganhou de volta é porque você havia perdido também. Quando você é a parte ofendida, você também é o perdedor. Você perdeu seu irmão e o gozo da comunhão com ele.
O que se conclui com isso? Toda relação quebrada pelo pecado é um desastre para o ofensor como o é para o ofendido. E, em última análise, o é também para o corpo de Cristo. Por isso, o que Jesus faz nesses dois versos é colocar sobre as duas partes a mesma responsabilidade de tomar a iniciativa de restaurar a comunhão interrompida. Pelo meu próprio bem, pelo bem do meu irmão e pelo bem da Igreja. Para a glória de Deus.
“…para que a nossa alegria seja completa.” (1João 1:4)