Os ídolos que (possivelmente) cultuamos – Parte 3


Prosseguindo em  nosso estudo sobre ídolos…

Não podemos deixar de notar a quantidade de vezes em que Deus fala de idolatria em sua Palavra. Ele odeia quando seguimos, servimos ou somos emocionalmente atraídos por outros deuses, que, no fim das contas, não são realmente deuses. Ídolos nos escravizam (Sl 106.36), nos envergonham (Is 45.16) e, por fim, nos conformam às suas imagens (Sl 115.8).

Porém, a intenção de Deus é que sejamos conformados à imagem de Seu Filho (Rm 8.29). Como o salmista, devemos abominar os ídolos e aqueles que lhes prestam louvores (Sl 31.6). Muito frequentemente, no entanto, acabamos nós mesmos sendo os idólatras. Hoje, gostaria de compartilhar outros ídolos que têm grande força quando adoramos a Deus corporativamente. Ele se aplica particularmente aos músicos.

O Ídolo da Excelência Musical

Oferecer a Deus o nosso melhor tem precedente bíblico (Ex 23.19; Nm 18.29,30). Na cultura de hoje, esse “melhor” frequentemente é definido como uma música marcada por técnica, complexidade, ou mesmo, sofisticação. Assim, harmonias em quatro vozes superam melodias em uníssono, orquestras ganham do piano de armário, e bandas completas substituem o violonista solo. Nos tornamos mais preocupados em fazer o culto corporativa maior, melhor, e mais envolvente. Resistimos à ideia de alguém sem treinamento e estudo musicais extensivos liderando a adoração congregacional. Neste processo, perdemos de vista o que faz, em primeiro lugar, nossa oferta aceitável.

Reggie Kidd, em seu livro With One Voice, aponta com precisão o problema: “Em algumas igrejas, a busca por ‘excelência’ é um ídolo, quer essa ‘excelência’ seja definida pelos padrões da chamada cultura ‘erudita’ ou da cultura ‘pop’. Esse ‘excelentismo’ precisa ser substituído pela busca por semelhança com o Cristo crucificado e por isso somente. Por melhor que sejamos antes do retorno de Cristo, nunca seremoscompletamente bons. Sempre haverá um tenor desafinado, uma corda de violão quebrada, um órgão com som estourando, ou um hino mal escolhido. Mas, tudo bem. A cruz significa que está pago.” (p. 101-102)

Isso significa que não precisamos nos preocupar sobre como tocamos, se estamos no tom, ou que música usaremos? É claro que não. Deus ordena a excelência musical (Sl 33.3; 1Cr 15.22; 2Cr 30.21,22). Anos atrás, minha audição de piano para graduação me ensinou (dolorosamente) algo sobre o valor da habilidade e excelência musicais. Porém, no culto congregacional, excelência tem um propósito – focar a atenção das pessoas nos tremendos atos e atributos de Deus.

Na adoração corporativa, portanto, a excelência tem mais a ver com a edificação e encorajamento que simples padrões musicais. Procurar a excelência de maneira sábia significa crescer continuamente em meu talento, a fim de que eu não distraia aqueles a quem procuro servir. Significa que eu talvez toque menos notas, para abrir mais espaço para que as pessoas ouçam as palavras. Significa que posso ter de sacrificar minhas ideias de “excelência” musical para fazer a verdade mais acessível musicalmente à minha congregação. Significa, no fim, às vezes não tocar, de maneira que a congregação possa ouvir sua própria voz claramente, ressoando em louvor a Deus. Excelência musical, definida propriamente, é um alvo digno. Mas, como todos os ídolos, gera um deus terrível.

Resultados

Me refiro com esse termo à mentalidade que entende a adoração a Deus como um meio para alcançar um fim desejável, como mais pessoas no culto, evangelismo, ministério mútuo ou experiências individuais. “Adoração de resultados” talvez seja a base de comentários como esses: “Evitamos certos assuntos bíblicos porque as pessoas não gostam de ouvir sobre eles”, cultos mais animados fazem com que os visitantes voltem”, “não pareceu que Deus esteve conosco neste culto porque tudo que fizemos foi cantar, compartilhar a Ceia do Senhor e ouvir a Palavra pregada”, “temos como objetivo que todos recebam um ‘toque de Deus’ no domingo”.

Evidentemente, é certo querer que a igreja cresça, desejar ver pessoas salvas, prover oportunidades de mútua edificação, e esperar que as pessoas encontrem-se com o Deus vivo de maneiras evidentes, quando nos reunimos. Entretanto, queremos  todas essas coisas  a fim de que mais e mais pessoas sejam capazes de enxergar a grandeza e a glória de Jesus Cristo.

Em última análise, é uma falsa dicotomia perguntar se os cultos são para Deus ou para nós. Eles são para Deus em seu objetivo, eles são para nós em seus efeitos. Entretanto, quando estamos falando sobre propósito, não há dúvida. Tudo que fazemos, fazemos de forma que a glória de Deus possa ser vista, magnificada e desejada. Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus (1 Co 10.31). Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai (Cl 3.17). Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas.A ele seja a glória para sempre! Amém (Rm 11.36).

John Piper afirmou sucintamente: “Missões existem porque não existe adoração” (Alegrem-se os Povos). Isso se aplica igualmente a tudo que fazemos. Ministério pessoal existe porque as pessoas não honram a Deus por Seu poder e compaixão. A igreja precisa crescer para que mais pessoas possam honrar e amar a Deus por sua misericórdia, graça e verdade. Desejamos que pessoas encontrem a presença ativa do Espírito de Deus de maneira que elas possam valorizá-lO acima de toda experiência, sentimento ou sensação. Queremos que todo cristão saiba que o amor inabalável de Deus, expresso na morte substitutiva de nosso Salvador, é melhor que a própria vida.

Portanto, a glória de Deus é o alvo de nossa adoração, e não apenas um meio para outra coisa. Em meio a uma cultura que glorifica nossas pobres realizações de maneiras inumeráveis, nos reunimos toda semana para proclamar os atos e a glória maravilhosos de Deus em seu valor supremo. Ele é “santo, santo, santo”. Não há ninguém, ou nada, como o Senhor. Se você é líder na casa de Deus, lembre-se de que, no fim das contas, nada bom pode vir de fixar os olhos das pessoas em algo além do próprio Salvador. O Cordeiro é Aquele que exaltaremos acima de tudo, por toda a eternidade. Nada mais justo que exaltemos a Ele acima de tudo agora.

Traduzido por Josaías Jr. | iPródigo |

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